Lúcio de Castro Neto investe em trabalho autoral, cria personagens e quer colocá-los no papel de incentivadores da inclusão social
Fazia shows com músicas e personagens de terceiros. Veio a pandemia, o recolhimento, o fim das apresentações, as lives, a vontade de mudar. Criou um, depois outro, mais um e o quarto personagem carregados de história e com a linguagem atual das crianças. Levou-os aos palcos no pós-pandemia, continua a compor suas narrativas, quer fazer deles motivadores da inclusão social. “O Jhonny, a girafa de mais 2,20 m, pode ensinar o cadeirante, todos a dançar”, diz o ator Lúcio de Castro Neto, que interpreta o Tio Girafa.
Primeiro surgiu o personagem Jhonny com seu passinho, depois a Gigi, a girafa de 2,30 m que dança balé. Em seguida o DJ Gil, pintinho amarelinho, de óculos escuros e sua música eletrônica e, por fim, o macaco Jack, com seu sotaque carioca, defesa da ecologia e contra o desmatamento da Amazônia. “Eles todos têm uma linguagem bem atual”, conta o ator.
Lúcio Castro Neto adicionou músicas compostas por parceiros. “Dou sempre meu pitaco. A primeira composição ia ser lançada quando percebi que ela não falava com as crianças de hoje”, lembra. Não aprovou a música e passou a se envolver com toda a produção. “Aí começou a viralizar.” Já são nove músicas e duas em processo de finalização.
Juntou seus personagens, as músicas e deu certo. “Saí de um show onde fazia coisas dos outros e hoje é completamente meu. Nunca imaginei isto”, diz o ator, que não para. Tem apresentações todo fim de semana, fica atento a estes novos tempos, percebe as mudanças. No final das apresentações, ele sempre perguntava às crianças se futebol era só de meninos, diziam que não, e se balé era de meninas, não. Veio destes diálogos a ideia de dar espaço à inclusão. “É um assunto delicado, mas as crianças de hoje são diferentes.” Seus personagens estão neste palco tão necessário da inserção social.
Lúcio de Castro Neto diz que a história deles ainda está sendo escrita a cada dia, a cada apresentação e vão continuar. A sua começou há quase 28 anos, quando deixou a cidade natal, Lagoa da Prata, região Centro-Oeste de Minas, e foi fazer teatro no Rio de Janeiro. Criou o personagem Tio Girafa 4 anos depois, animou festas de famosos, e decidiu voltar para seu estado, e morar em Belo Horizonte, em 2004. Tinha sempre apresentações, mas em março de 2020 seus shows foram cancelados de uma hora para outra com a pandemia.
Era preciso refazer sua trajetória. Manteve a alegria, foi para as redes sociais, fazia lives todos os dias às 16h. Viu seus seguidores aumentarem de 9 mil para 10 mil, 15 mil até os atuais 41 mil nas redes sociais. “Quero fazer grandes shows, ir para outras cidades, colocar programa-piloto do Tio Girafa na TV”, afirma o ator. Ainda há muita história a ser contada…